sábado, 11 de junho de 2011

TRANSFORMAÇÃO SOCIAL PELA ESCOLA: UMA POSSIBILIDADE?

 

   A realidade educacional nos dias de hoje, principalmente no Brasil, parece borrar o quadro pintado por aqueles educadores que insistiam que o acesso à educação seria suficiente para acabar com toda a problemática do até então estado social idealizado: os indivíduos à margem dessa sociedade perfeita e sem máculas.

   Como meio de perpetuar todo um sistema de “eleição da elite dominante” em detrimento dos sonhos e direitos de uma classe dominada – o povo – a educação se volta contra àquelas pessoas que, na mais lógica e racional função, deveria oferecer meios ao individuo de tomar posse de seu papel no mundo, tanto em nível individual e coletivo.

   No que se refere aos cenários ideológicos que sustentam toda uma estrutura educacional, podemos perceber que, se de um lado a escola afirma que todo o processo de inclusão desses indivíduos que estão às margens de uma sociedade dar-se-á por meio do acesso á educação, ou seja, a aquisição (indiscriminada?) de conhecimentos permitirá ao individuo ter em mãos todas as ferramentas possíveis para que ele também, assim como todos os outros “bem sucedidos indivíduos”, alcance seu “lugar – no - topo”.

   No outro lado da moeda, há aqueles que argumentam que é ela, a escola, a máquina que acentua as desigualdades (por repetir toda a sistemática e dinâmica que perpetua a estadia da classe dominante no processo decisivo dos rumos de uma sociedade), impõe a segregação social (quando não permite que certos direitos indispensáveis, como cultura, por exemplo, não cheguem ou não se tornem acessíveis a todos os indivíduos pertencentes a uma coletividade) e quando realimenta o sistema, quando permite que tudo isso aconteça na sociedade, estabilizando-se mais e mais profundamente esse cenário.

   Se há um meio pelo qual as pessoas possam ter a oportunidade única de transformar suas próprias vidas e de seu coletivo, é, sim, pela educação. Disso, parece não haver mais dúvida.

   Contudo, o que se pretende compreender e transcender é por que a educação não efetiva a realização pessoal e íntima de alguns que a ela alcançaram. Por exemplo, como explicar a motivação que leva um cidadão a não compreender toda a sua realidade, mesmo tendo ele freqüentado até mesmo a universidade?!

   E o que pensar daqueles que nunca entraram num teatro por este lugar se encontrar, fisicamente, muito distante de sua realidade/ambiente? Cultura, para essas pessoas, é algo distante e inacessível e inviável com a realidade salarial da qual dependem. Torna-se, então, “coisa supérflua”, o que faz as classes dominantes respirarem tranquilamente, pois assim não dividirão seus ambientes refinados e sofisticados (mera e vulgar cópia do tão desejado primeiro mundo) com os trabalhadores dos portos, do campo e das indústrias.

Simplesmente lastimável.

   A educação, quando não transforma positivamente o individuo e sua coletividade, o afunda na lama movediça da desesperança. Nesse sentido, pensar que a educação reproduz todo um sistema escravizador e segregador não é estar sendo injusto, uma vez que essa realidade é a conseqüência direta da escola, quando esta decide fechar seus olhos para aqueles que precisam dela para poder, então, voltar a pensar numa melhor e digna condição de sua existência.

   A sociedade não é perfeita, e isso vemos todos os dias e em todas as situações. Pensar numa educação onde ela, por si só, seja suficientemente eficaz para possibilitar a entrada do individuo no mundo do sucesso soaria como, no mínimo, alta dose de ingenuidade, uma vez que está comprovado que há pessoas que não conseguem alcançar a promessa feita pelo sistema capitalista, que é o sucesso material e o reconhecimento/admiração de seus semelhantes pelo patamar atingido, mesmo atingindo altos graus de conhecimento.

   E essa promessa das mil maravilhas é defendida pela pedagogia tradicional, principalmente quando o assunto é relacionar a satisfação pessoal e sucesso material com o acesso ao conhecimento.

   Que o acesso a educação e conhecimento não são capazes de solucionar a problemática do individuo (ou grupo de indivíduos, como é o caso dos MST) marginalizado e excluído a todo tipo de dinâmica que acontece na sociedade (cultura, alimentação adequada, segurança, etc.) é um fato.

   A escola não conseguirá resolver o problema da marginalidade social por estar ela já estabelecida pelo sistema, ou seja, o modelo capitalista de desenvolvimento condena àqueles que não conseguem se adequar aos moldes próprios desse sistema ao isolamento e exclusão social e tem na escola sua principal ferramenta de identificação, tribunal, julgamento e condenação dessas pessoas.

… continua….

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